Porque votar em mulheres negras:

Balanço dos mandatos das parlamentares negras

Quais são as principais contribuições deixadas pelas parlamentares negras na última legislatura?

Esta é a pergunta que orientou o Movimento Mulheres Negras Decidem na construção deste estudo sobre quem são essas mulheres negras que obtiveram sucesso na disputa eleitoral nos últimos quatro anos e seus principais esforços nos temas tidos como os mais importantes pelas ativistas negras no Brasil.

Os números que serão apresentados já demonstram o quão preocupante é esta representação escassa, embora extremamente necessária. Diante de um volume tão grande de formulações essenciais à melhoria da vida social no Brasil, foram as mulheres negras atuantes na última legislatura que demonstraram a sua indispensabilidade diante o processo de tomada de decisão no país.

Essas mulheres e suas semelhantes devem estar em todos os espaços de poder, sobretudo na política institucional para que possamos, enfim, romper com a cultura histórica de sub-representação que recai sobre as mulheres negras brasileiras.

Porque votar em mulheres negras?

POR QUE APRESENTAR ESSES DADOS?

O questionamento nasce a partir da identificação da radical imaginação política que as mulheres negras que ocupam cargos eletivos apresentaram frente aos desafios do Brasil entre 2019 e 2023. Foi neste período que a população brasileira foi atravessada por violência, desigualdade e fome, enquanto o mundo encarava a pandemia mais grave dos últimos anos.
No ano do processo eleitoral mais importante desde a redemocratização do Brasil, o Mulheres Negras Decidem busca mais uma vez sistematizar o legado deixado pelas políticas negras e, para tanto, apresenta este relatório, que narra detalhes inéditos desta herança.

Ao longo de quatro meses, acessamos o universo de 58 parlamentares autodeclaradas pretas ou pardas pertencentes às cinco regiões do país e angariadas nas mais variadas plataformas políticas. Elas são:

43

Deputadas Estaduais

13

Deputadas Federais

1

Deputada Distrital

1

Senadora

No Brasil, o número de cadeiras nas assembleias legislativas depende da composição demográfica de cada estado. De acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), foram identificadas 13 mulheres autodeclaradas negras que ocupam o cargo de deputada federal:

O percentual de mulheres negras na Câmara dos Deputados é de pouco mais de 2%

No Senado, há apenas uma mulher negra exercendo a função legislativa de Senadora Eliziane Gama – Cidadania/MA.

Apenas 1% do Senado Federal é feminino e negro

Eliziane Pereira Gama Melo

QUEM SÃO AS PARLAMENTARES NEGRAS?

Identificação racial

Das 58 parlamentares pesquisadas 19 se autodeclararam negras e 39 pardas.

Identificação de gênero

1,7%

é a composição de mulheres negras trans no universo da pesquisa.

A deputada estadual Erica Malunguinho, do PSOL de São Paulo, foi a primeira pessoas trans a ocupar a Assembléia Legislativa do Estado e foi eleita com mais 50 mil votos em um importante colégio eleitoral, sua entrada é de suma relevância para a democracia brasileira.

Maternidade

69% são mães

sendo que quatro delas tiveram filhos ao longo do mandato

Pessoa com deficiência

Apenas 2 foram identificadas tendo alguma deficiência física.
As plataformas do TSE, Congresso Nacional e Assembleias Legislativas não coletam dados adequadamente sobre esse quesito, nos impossibilitando de fazer análises sobre a sub-representação de pessoas com deficiência na política.

Faixa etária

A considerar as parlamentares em exercício, todas têm acima dos 30 anos de idade e o grupo etário mais representativo está na faixa entre 40 e 49 anos, seguido das mulheres entre 50 e 59 anos.

Escolaridade

Os dados da pesquisa mostram que as parlamentares negras possuem uma escolaridade alta, ainda mais quando comparada com o restante da população negra do país.

Religião

A religião e o poder político estão diretamente relacionados desde a invasão dos colonizadores europeus nas terras indígenas de Pindorama (Brasil).
Metade das parlamentares negras eleitas são cristãs, sendo 29% católicas e 20,7% evangélicas; 6,9% têm religião de matriz africana e também 6,9% são de outra religião.

Metodologia

Na primeira fase da pesquisa, nossas principais fontes de informações foram as bases de dados disponíveis no Portal de Dados Abertos e no site Divulgação de Candidaturas e Contas Eleitorais, ambos os repositórios geridos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Levantamos dados relativos ao pleito de 2018.

O exercício de sistematização das proposições legislativas teve como fonte os portais da Câmara dos Deputados, Senado Federal e das assembleias legislativas. A partir do relatório “Para Onde Vamos”, delimitamos os seguintes temas para o Balanço dos Mandatos das Parlamentares Negras: 

• Fortalecimento da saúde pública, gratuita e universal;

• Fortalecimento da educação básica

• Garantia de direitos dos povos tradicionais (quilombolas, indígenas, ribeirinhos etc);

• Direitos das mulheres
;

• Combate ao racismo

A segunda fase da pesquisa foi realizada com base nesses temas, coletando as proposições legislativas que relacionam-se com eles. Ao final, foram identificadas 8.229 projetos de lei e outras matérias.

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